Pra Ser Sincero

Poucas músicas apareceram na minha vida exatamente na hora que precisavam aparecer. E essa é uma delas. Parece que Humberto Gessinger escreveu essa música olhando o momento que eu estava passando lá em meados de 2001.

Um dia desse
Num desses encontros casuais
Talvez a gente se encontre
Talvez a gente encontre explicação

Eu estava na minha primeira tentativa de ser professor de matemática. Eu estava descobrindo minha sexualidade. E conheci um rapaz que se tornou rapidamente um grande amigo. Todos os trabalhos em grupo, de qualquer matéria, dávamos um jeito de estarmos juntos. Na hora do intervalo não nos separávamos. Até que um dia, eu decidi, preciso contar pra ele que eu não era hétero. Ele, afônico devido à uma infecção na garganta, conversava comigo escrevendo no papel, quando fiz a revelação, ele simplesmente escreveu “eu também”.

Nós dois temos os mesmos defeitos
Sabemos tudo a nosso respeito
Somos suspeitos de um crime perfeito
Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos

Quando contei isso pra ele eu não esperava a resposta dele, e nem foi com segundas intenções, mas isso marcou o início do meu primeiro namoro. E sempre dávamos um jeito de ficarmos isolados para trocarmos uns beijos. Por algum tempo, era isso que acontecia, apenas beijos.

E foi nessa época que eu acabei contando pra minha mãe que sou homossexual.

Mas a música não é sobre o namoro, ou sobre como me declarei pra minha mãe. É sobre como o namoro acabou. Na época, havia muito receio de que descobrissem que éramos namorados ou gays, então era tudo muito escondido, e a estrofe acima ilustra muito bem como nos sentíamos na época. E eu (re)conheci a música exatamente enquanto estávamos vendo que nosso namoro não daria certo.

Conversamos ainda por algum tempo depois que saí da primeira faculdade, através do orkut e MSN, mas acabamos perdendo contato. Não sei por onde ele anda, nem como ele está, se se formou, se está num emprego melhor. De qualquer forma, minha história com ele já foi escrita, já houve um ponto final.

Curtam a música:

Cio da Terra

Milton Nascimento e Chico Buarque. Uma parceria que rendeu bons frutos. E um desses frutos foi a deliciosa O Cio da Terra, composta em 1977. A música fala do trabalho agrícola, do respeito que deve haver entre o ser humano e sua principal fonte de alimento.

Essa é mais uma das músicas que me faz lembrar da época em que eu cantava no coral da faculdade. Com letra e melodia simples, essa música era uma das cartas na manga da regente do coral na época. Cada apresentação, ela mudava o arranjo, as vozes e as ordens de entrada de cada naipe e formava uma nova música. Além disso, o público sempre era diferente, e cada um conhecia uma versão da música.

Mais uma música com melodia simples, do tipo chiclete, e letra que em dois minutos já aprende, três pequenas estrofes… Segue a letra e o vídeo:

Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar de pão

Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
roubar da cana a doçura do mel
Se lambuzar de mel

Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra propícia estação
E fecundar o chão

A Maçã

Se esse amor
Ficar entre nós dois
Vai ser tão pobre amor
Vai se gastar

Na década de 1970, Raul Seixas e Paulo Coelho se uniram para compor vários dos grandes sucessos de Raul, como Gita, Eu nasci há dez mil anos atrás e Sociedade Alternativa. Uma dessas músicas é uma das minhas preferidas, A Maçã.

A música fala que “o amor só dura em liberdade” e de como “o ciúme é só vaidade”. Quando me perguntam sobre como é ter um relacionamento aberto, um relacionamento poliamoroso, eu cito essa música. Ela mostra como eu me sinto em relação a relacionamentos monogâmicos. Não há relacionamento errado, mas para mim, o aberto, o poliamor é o que funcionou.

Segue a letra da música e em seguida o vídeo com a música… 🙂

Se esse amor
Ficar entre nós dois
Vai ser tão pobre amor
Vai se gastar

Se eu te amo e tu me amas
Um amor a dois profana
O amor de todos os mortais
Porque quem gosta de maçã
Irá gostar de todas
Porque todas são iguais

Se eu te amo e tu me amas
E outro vem quando tu chamas
Como poderei te condenar
Infinita tua beleza
Como podes ficar presa
Que nem santa num altar

Quando eu te escolhi
Para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais

Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
O que é que eu quero
Se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar

Quando eu te escolhi
Para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais

Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
O que é que eu quero
Se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar

 

O Martelo Prateado do Maxwell

Conheçam a história de Maxwell. Era um promissor estudante de medicina, que numa chama uma garota pra sair, mas antes de saírem ele mata a garota com um martelo. No dia seguinte, na sala de aula, ele começa a incomodar a professora, que deixa ele de castigo, e acaba usando o martelo e mata a professora também. Pego em flagrante, ele é preso, e no julgamento, há a “torcida” para que não o prendam, mas ele acaba ficando incomodado e mata todo mundo no julgamento.

Essa é a história da música Maxwell’s Silver Hammer, dos Beatles. Escrita pelo McCartney, apesar de normalmente creditada a dupla Lennon–McCartney, foi gravada em 1969 e, apesar de contar a história de um assassino, é uma música bastante animada e, quem não entende inglês, passa despercebida pelos assassinatos.

Uma das versões dessa música foi gravada pelo Steve Martin, em 1978, para o filme Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, um musical (sem pé nem cabeça) com os Bee Gees e Peter Frampton, onde ele interpreta o próprio Maxwell.

Pra terminar, em 2007, no filme Across the Universe, um musical com as músicas dos Beatles, tinha seus personagens nomeados por personagens de músicas da banda, Maxwell era irmão de Lucy, que se apaixonava pelo Judy. Pena que não colocaram a música dele no filme… :/

Segue a música (uma re-versão dos Beatles, já que a versão original está protegida por direitos autorais e não tem no YouTube):

e a versão do Steve Martin:

Tudo vai embora!

Dessa vez não tenho uma história mirabolante para contar sobre essa música. O que posso dizer é que gosto bastante da Rita Lee, e essa música é uma reflexão sobre a importância que damos para as coisas da vida, já que no final, somos todos iguais, e tudo vira bosta! (não iria colocar essa frase assim no título, né… hahahahaha)

A música foi lançada no álbum Balacobaco, de 2003, junto com outra música que gosto, que é Amor e Sexo.

O ovo frito, o caviar e o cozido
A buchada e o cabrito
O cinzento e o colorido
A ditadura e o oprimido
O prometido e o não cumprido
E o programa do partido
Tudo vira bosta

O vinho branco, a cachaça
O chope escuro
O herói e o dedo duro
O grafite lá no muro
Seu cartão e o seu seguro
Quem cobrou ou pagou juro
Meu passado e meu futuro
Tudo vira bosta

Um dia depois
Não me vire as costas
Salvemos nós dois
Tudo vira bosta

Filé mignon, champignon, Dom Perignon
Salsichão, arroz, feijão
Muçulmano e cristão
A Mercedes e o Fuscão
A patroa do patrão
Meu salário e meu tesão
Tudo vira bosta

O pão-de-ló, brevidade da vovó
O fondue e o mocotó
Pavarotti e Xororó
Minha eguinha pocotó
Ninguém vai escapar do pó
Sua boca e seu loló
Tudo vira bosta

A rabada, o tutú, o frango assado
O jiló e o quiabo
Prostituta e deputado
A virtude e o pecado
Esse governo e o passado
Vai você que eu tô cansado
Tudo vira bosta

Viajantes na Tempestade

Lá pelos idos de 2004, 2005, no auge do PlayStation 2, eu gostava muito de jogos de corrida, como Need for Speed, e esse foi o ano de lançamento do jogo NFS Underground 2. Eu já tinha jogado o primeiro, e o segundo veio com vários aperfeiçoamentos. E a música da abertura do jogo me chamou bastante a atenção, já que era uma música do The Doors complementada/remixada pelo Snoop Dogg. E essa música é Riders on the Storm.

A música foi gravada originalmente em 1971, e foi o último trabalho de estúdio da banda, já que Jim Morrison morreu pouco depois do lançamento da música. A letra e a melodia são bastante simples, mas é uma música que fica presa na memória, como chiclete. Exatamente pela melodia ser simples, fica difícil esquecer.

Alguns versos da música foi inspirada na história de Billy Cook, que assassinou 6 pessoas entre 1950 e 1951, pegando carona na estrada Jim Morrison citou isso em uma única entrevista, e pode ser verdade, como visto nos versos “There’s a killer on the road / His brain is squirming like a toad / … / if you give this man a ride / sweet family will die” (Tem um assassino na estrada / seu cérebro está se contorcendo feito um sapo / … / Se você der carona a este homem / uma doce família vai morrer)

A versão original:

A versão com o Snoop Dogg:

Sorria!

Qual o melhor método para resolver seus problemas? Segundo esta música, o melhor método é o mais simples de todos: Sorria.

Com a melodia composta por Charlie Chaplin para o filme Tempos Modernos, muita gente atribui a letra também a ele, erroneamente (eu mesmo era um que acreditava nisso).

Há muitas regravações desta música. A primeira foi de Nat King Cole, em 1954. Diana Ross gravou uma versão em 1977 e Michael Jackson, que dizia que era sua música preferida, gravou sua versão em 1995. Mas a versão que eu conheci a música, foi de um cantor sueco chamado Harpo, presente na trilha sonora da novela Feijão Maravilha, de 1979. Não, eu não sou tão velho, eu não vi essa novela, meus pais tinham o disco (LP) dessa novela e era um dos que eu gostava mais de ouvir (a primeira novela que eu lembro de ter assistido alguma coisa foi Que Rei Sou Eu, de 1989, 10 anos depois de Feijão Maravilha).

Aqui vai a letra da música, e em seguida a música, propriamente dita:

Smile, though your heart is aching
Smile, even though it’s breaking
When there are clouds in the sky
You’ll get by if you just smile
Through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You’ll see the sun come shining through
For you

Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That’s the time you must keep on trying
Smile, what’s the use of crying
You’ll find that life is still worthwhile
If you just smile

Sorria, mesmo que seu coração esteja doendo,
sorria, mesmo que ele esteja partido…

Se houver nuvens no céu,
tudo vai passar se você sorrir…

Além dos seus medos e preocupações,
Sorria, e amanhã verá o sol brilhar outra vez pra você

Ilumine seu rosto com alegria, esconda cada traço de tristeza
Mesmo que uma lágrima esteja próxima,Esta é a hora que deve continuar tentando sorrir!
Pra quê chorar agora? Verá que a vida ainda vale a pena
se você apenas sorrir!

No vídeo também tem a tradução da letra (com alguns errinhos de português, mas tudo bem):

Pequena Loja dos Horrores

Há vários anos, na época em que eu conseguia ver Chapolin e Chaves no começo de tarde no SBT, logo depois dos seriados do almoço, começou um filme cujo nome era um pouco estranho para um filme do horário: A Pequena Loja dos Horrores (Little Shop of Horrors, no original). A primeira cena é uma música, apresentando o filme, e logo em seguida outra música, então já percebi que o filme era um musical, e eu gosto de musicais, no geral. Essa música é a apresentação dos personagens principais, Seymour Krelborn, interpretado pelo Rick Moranis (de Querida, Encolhi as Crianças) e Audrey, interpretado por Ellen Greene.

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Prepare seu coração, pras coisas que vou lhes contar… 

Há algum tempo (pouco mais de 2 anos) eu me desafiei a postar uma foto por dia, por 1 ano. Falhei algo depois de fazer 50% do desafio. Inspirado nesse desafio, em 2017 vou postar uma música por dia. Talvez mais de uma, mas a intenção eh ter pelo menos uma por dia. E a primeira música eh uma que me marcou na época que eu cantava em coral, que é Disparada, de Geraldo Vandré e Théo de Barros, e interpretada por Jair Rodrigues. Foi campeã do festival da MPB de  1966, junto com A Banda, de Chico Buarque.

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